Capítulo 1: Wolfless Luna

POV da Thea

Minhas mãos não param de tremer enquanto olho para os papéis do divórcio no meu colo. Ainda não consigo acreditar que isso está acontecendo. A mansão da Alcateia Ashworth se ergue diante de mim como uma prisão da qual estou finalmente escapando. Sete anos de memórias, nenhuma delas particularmente boa, e agora tudo se resume a este momento.

Aperto o volante com mais força, tentando me acalmar. Uma assinatura. É tudo o que vai me transformar na primeira Luna na história da Alcateia a ser divorciada e expulsa. Que legado, hein? Minha garganta se aperta ao pensar em enfrentar Sebastian de novo. Deus, mesmo depois de tudo, só de pensar no nome dele ainda dói.

O sistema de segurança apita ao reconhecer meu carro - um lembrete amargo de que tecnicamente ainda pertenço aqui. Por enquanto. Os jardins que nunca consegui fazer meus se estendem à minha frente enquanto caminho pelo caminho familiar até a porta. Cada passo parece pesado com o peso do fracasso. Sete anos tentando pertencer, amando um homem que me via como nada mais que um substituto conveniente.

Estendo a mão para a maçaneta, mas congelo quando ouço vozes vindo da cozinha. Eu posso não ter audição sobrenatural, mas essas paredes da mansão são mais finas do que parecem.

"Papai, por que você não pode morar mais com a mamãe e comigo?" A pergunta inocente de Leo me atinge como um soco no estômago.

Eu deveria ir embora. Deveria simplesmente entrar e acabar logo com isso. Mas meus pés não se movem. Meu corpo me trai, me forçando a ficar aqui e ouvir o coração do meu filho se partir junto com o meu.

"A Alcateia precisa de uma verdadeira Luna, Leo." A voz profunda de Sebastian ainda me afeta, maldição. "Sua mãe... ela não tem um lobo. Ela não pode entender o que precisamos."

A mesma velha história. Dia diferente. Pressiono a mão contra o peito, tentando empurrar de volta a dor familiar. Quantas vezes já ouvi isso? Que eu não sou suficiente, nunca serei suficiente, tudo porque nasci sem um lobo? A piada cósmica do universo - uma filha sem lobo em uma linhagem de alfas.

"Mas você não disse que os lobos podem escolher seus parceiros?" Meu garoto esperto, sempre fazendo as perguntas difíceis. "O seu lobo não gosta da mamãe?"

O silêncio que se segue é ensurdecedor. Consigo imaginar o rosto de Sebastian - aquela expressão fria e desdenhosa com a qual já me acostumei. A mesma expressão que ele usou quando me disse que não podia me marcar como sua parceira. Claro que não podia - sempre soube que o coração dele pertencia a outra pessoa, assim como sempre soube que nunca poderia ser sua verdadeira parceira. Como eu poderia ser, quando nem sequer tenho um lobo para responder ao dele?

"Sua mãe me deu você," ele finalmente diz, sua voz distante. "Isso é o que importa."

Certo. Porque é só para isso que eu sirvo, não é? Um meio de produzir o próximo herdeiro alfa. Não importa que eu tenha dado a ele tudo - meu amor, minha lealdade, minha vida inteira. Mas claro que não foi o suficiente. Não quando a sombra DELA sempre pairou entre nós.

Respiro fundo e empurro a porta. A cozinha fica em silêncio. Sebastian está ao lado do balcão, e, porra, ele ainda parece o sonho de toda mulher em seu terno elegante. Aqueles olhos verdes se transformam em gelo quando pousam em mim, seu maxilar se contraindo daquele jeito que significa que ele está irritado.

"Mamãe!" O rosto de Leo se ilumina, e meu coração se aperta dolorosamente. Ele se parece tanto com o pai - mesmas feições marcantes, mesmos olhos verdes cativantes. Meu lindo menino, a única coisa pura que saiu desse casamento desastroso.

"Leo, vá para o andar de cima." O comando Alfa de Sebastian preenche o ambiente.

"Mas pai-"

"Agora."

Eu vejo meu filho se arrastar, sentindo-me tão insignificante quanto no primeiro dia em que entrei nesta casa. Os papéis do divórcio amassam na minha mão trêmula enquanto tento encontrar minha voz.

"Trouxe os papéis finais," consigo dizer, odiando como minha voz soa fraca.

"Você realmente quer fazer isso?" Sua voz poderia congelar o inferno. "Destruir nossa família?"

Eu esfrego o peito, tentando aliviar a dor constante ali. "Sebastian, por favor... nós dois sabemos que este casamento nunca foi real. Você nunca-" Não consigo terminar. Nunca me amou. Nunca me quis. Nunca me escolheu.

"Você poderia ter enviado isso para o meu escritório," ele rosna, a raiva emanando dele em ondas. "Em vez de interromper meu tempo com Leo."

"Eu pensei..." Paro, percebendo o quão patética eu soava. O que eu pensei? Que depois de sete anos de rejeição, algo mudaria magicamente?

"Você nunca pensa, não é?" Cada palavra é um corte preciso. "Toda vez que você aparece aqui, você traz caos. Desde o primeiro dia, tudo o que você fez foi perturbar a harmonia da Matilha porque você não consegue aceitar o que é - o que não é." Ele respira fundo, tentando controlar a raiva. "Apenas deixe os papéis. Vou mandar alguém deixar Leo mais tarde."

Coloco os papéis com as mãos trêmulas, sentindo como se estivesse me afogando no ar. Quero me defender, talvez me desculpar uma última vez por não ser o que ele precisava. Mas qual é o ponto? Sete anos explicando-me, implorando para que ele me visse como mais do que apenas um fardo sem lobo...

O toque repentino do meu telefone corta minha espiral de autopiedade. O nome da minha mãe na tela faz meu sangue gelar. Na família Sterling, ninguém entra em contato com a decepção sem lobo a menos que algo esteja terrivelmente errado.

Minhas mãos tremem enquanto atendo. "Alô?"

"Thea!" A voz da minha mãe está carregada de pânico. "Seu pai... ele foi atacado por Rogues! Ele está perdendo muito sangue... Vá para o hospital. Agora!"

O telefone escorrega dos meus dedos dormentes, batendo no chão. O som ecoa pela cozinha subitamente silenciosa.

"Thea?" A voz de Sebastian perde seu tom cortante. "O que aconteceu?"

Eu olho para ele, o mundo girando de lado.

"Meu pai... Rogues o atacaram. Ele está no hospital."

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